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Texto publicado originalmente no site "Áudio Alta-Fidelidade", no outono de 2004 |
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Pré-amplificador passivo? |
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Por certo nos últimos tempos, o audiófilo, o melófilo, ou entusiasta na área de áudio, já deve ter lido em alguma publicação ou ouvido um amigo falar em "pré-amplificadores passivos". Geralmente, quando alguns amigos se encontram, as conversas em torno do assunto são animadas, discutindo as inúmeras ou supostas qualidades desses aparelhos. O interessante é observar, sempre, um certo mistério no ar. Mistério que será desvendado nas próximas linhas. Também, veremos que o termo "pré-amplificador passivo" está incorreto.
Antes de examinarmos o interior do chamado "pré-amplificador passivo" é necessário entender o que exatamente é um pré-amplificador.
Num sistema de áudio, pré-amplificador é um aparelho que amplifica o sinal proveniente da fonte de programa, antes de entregá-lo ao amplificador de potência ou principal. Ou seja, há uma pré-amplificação do sinal (amplificação prévia). Portanto, pré-amplificador é o amplificador que, antecede o amplificador principal. Por isso, recebe corretamente a denominação pré-amplificador. É importante frisar que pré-amplificador não é qualquer dispositivo ou aparelho que venha antes do amplificador de potência, mas sim um amplificador, geralmente de tensão, que antecede o amplificador principal em um sistema de áudio. Fig. 1
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De modo geral, o controle de nível popularmente conhecido por "volume", está integrado ao pré-amplificador. Da mesma forma foram acrescentados recursos de chaveamento para permitir a seleção da fonte de programa e/ou controles de tonalidade. Na figura 2, podemos observar três diagramas de blocos (simplificados) de pré-amplificadores típicos utilizados em áudio. |
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Fig. 2A
Pré-amplificador minimalista,
com controle de volume. |
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Fig.2B
Pré-amplificador minimalista,
com controle de volume e
seletor de entradas. |
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Fig.2C
Pré-amplificador com controle
de volume, seletor de entradas
e controles de tonalidade. |
Alguns amplificadores de pot ência possuem características particulares de impedância de entrada e sensibilidade, que permitem a conexão destes diretamente à fonte de programa sem a exigência do pré-amplificador. Tornando possível a eliminação de um elo da cadeia de áudio, o que ao menos teoricamente, deveria trazer benefícios para a qualidade final do programa a ser reproduzido. Porém, nem sempre isto é verdadeiro. É importante observar que a fonte de programa, também, deverá apresentar características mínimas necessárias para tal conexão. Em boa parte dos casos, a ausência do pré-amplificador traz problemas difíceis de resolver. Fig. 3 |
É possível dispensar o pré-amplificador em alguns casos, mas não é proveitoso eliminar o atenuador de nível existente neste. Pois, se o fizermos não haverá meios de controlar o nível da reprodução, ficando o volume sempre no máximo.
Obviamente, se a fonte de programa ou o amplificador possuir controle analógico de nível, não haverá tal inconveniente e nenhum componente intermediário será necessário. Todavia, é importante recordar que: o atenuador digital de nível, por vezes presente em CD-Players, distorce o sinal de áudio. Sendo que, recomendo manter tal controle na posição de mínima atenuação (máximo "volume") e ajustar o nível de reprodução externamente. Mas, este é um assunto que tratarei em outra ocasião.
Assim, quando o amplificador e a fonte de programa permitem, é conveniente instalar um atenuador de nível entre ambos. Conforme a figura 4 demonstra |
O atenuador de nível pode ser construído
de diferentes modos,
sendo, o potenciômetro
de curva logarítmica o mais conhecido. |
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Fig. 5 |
Outro método usual em áudio é utilizar uma chave para selecionar as inúmeras saídas de um divisor resistivo. |
Talvez, não seja desejável instalar o atenuador no interior do amplificador ou da fonte de programa. Por outro lado, deixar o atenuador solto sobre a mesa ou estante, além de ser antiestético e nada prático, ocasionará captação de ruídos e outras interferências. Por este motivo, uma boa alternativa é instalar o atenuador em um gabinete metálico. |
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Fig. 7
Atenuador básico.
Curiosamente, alguns denominam este atenuador de "pré-amplificador passivo". |
Circuitos passivos são constituídos unicamente por componentes que não necessitam de fonte de energia.
Circuitos ativos possuem dispositivos que são capazes de controlar a energia fornecida por uma fonte externa, possibilitando desta forma a "amplificação" de um sinal elétrico.
O atenuador constituído por um divisor resistivo, seja ele, um potenciômetro ou um conjunto de resistores é realmente um dispositivo passivo. Num dispositivo passivo não há amplificação, mas tão somente atenuação e assim, o sinal apenas poderá ser enfraquecido.
Se, temos um simples atenuador e não um amplificador é inadmissível chamar o dispositivo de "pré-amplificador passivo", mesmo que, este esteja instalado num elegantíssimo gabinete folheado a ouro.
O uso do termo incorreto (pré-amplificador passivo) reflete desconhecimento técnico ou talvez possível tentativa de engodo.
Para facilitar o uso de outras fontes de programas, um seletor de entrada pode ser acrescentado ao atenuador. Neste caso não teremos mais um simples atenuador de nível, mas, um seletor com controle de nível, ou se preferir, um atenuador com seletor de entrada. Certamente, não poderemos chamar isto de pré-amplificador. Talvez possamos dizer corretamente atenuador/seletor passivo de áudio ou, então, seletor/atenuador passivo de áudio. Aqui, o adjetivo passivo é oportuno pelo fato de existir atenuadores e seletores ativos. |
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Fig. 8
Atenuador, com controle de volume e seletor de entradas (sem pré-amplificador).
Alguns denominam este atenuador de "pré-amplificador passivo". |
Compare as figuras 2B e 8. Para sua comodidade as figuras foram repetidas e posicionadas lado a lado. Observe que no aparelho denominado por alguns de "pré-amplificador passivo" foi excluído, exatamente, o estágio de pré-amplificação.
O ponto a esclarecer é: o termo passivo é justificável (afinal o circuito é verdadeiramente passivo) o problema está no termo pré-amplificador, visto que, tal dispositivo não é um pré-amplificador. E, nem poderia ser, porque, um pré-amplificador não pode ser passivo. Você observou a contradição?
Todo dispositivo amplificador é ativo. Esta afirmação continuará verdadeira, enquanto as atuais leis da física continuarem valendo.
Freqüentemente, periódicos da área de áudio, alguns até de renome internacional, além de cometerem o erro de usar o termo "pré-amplificador passivo", cometem outro, ao utilizar o termo "pré-amplificador ativo", para distinguí-los.
Vimos que, o objetivo é tentar melhorar a qualidade do áudio, por eliminar um elo do sistema. Porém, e muito curiosamente, alguns fabricantes e hobistas, estão construindo dispositivos passivos que introduzem distorções no sinal de áudio, com o propósito de alterar o timbre.
Isto, mais do que um equívoco é um contra-senso. Alguns deles denominam tal dispositivo de "pré-amplificador corretor passivo", "pré-amplificador equalizador passivo", e por aí vai...
As características técnicas particulares que permitam a conexão direta da fonte de programa com o amplificador de potência, bem como, suas vantagens e desvantagens estão fora do escopo deste texto, pois, estou questionando o uso do termo "pré-amplificador passivo" (passive preamplifier).
A inadequabilidade do termo "pré-amplificador passivo", faz deste um grande equívoco. Além do mais, o próprio termo é divergente em si mesmo.
Portanto, tenha certeza, pré-amplificadores passivos não existem. |
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