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Texto publicado originalmente no site "Áudio Alta-Fidelidade", no outono de 2002.
 
DVD-Audio vs SACD
 
 


Muitas pessoas perguntam qual a melhor opção, entre DVD-Audio e SACD. Responder a questão, e demonstrar tecnicamente os aspectos positivos e negativos de cada formato não é simples. Ademais, há tantas variáveis, subterfúgios e técnicas - algumas suspeitas -, utilizadas nos estúdios de gravações que é praticamente impossível dizer com certeza, como irá soar um SACD ou DVD-A. Pois, o formato, por si só, não garante as características encontradas nos testes de laboratório ou possíveis na teoria.
Cada formato apresenta aspectos positivos e negativos, impossibilitando, em minha opinião, afirmar de forma incontestável, qual o melhor deles. Podemos apenas afirmar que, nenhum deles reúne todas as características ideais ou desejáveis.
O texto a seguir é apenas um resumo de observações e algumas conclusões. Deixando os detalhes técnicos para outra ocasião.

Primeiramente é importante destacar que ambos os formatos, DVD-A e SACD têm potencial para superar o CD-DA. Muito embora, na prática, isso pode não ser totalmente verdadeiro.

Comparados ao CD-DA que é um formato de baixa resolução, tanto o SACD quanto o DVD-A são considerados formatos de alta resolução. SACD e DVD-A são de alta resolução no sentido relativo, mas não no sentido absoluto.

Em tempo: CD-DA significa 'compact disc - digital audio' ou simplesmente 'compact disc' ou CD.


Breves comentários a respeito do DVD-Audio:

Por curiosidade, DVD (união dos formatos S.D e M.M.C.D) é a sigla de 'Digital Video Disc'. Visto que foi idealizado originalmente para reproduzir vídeo. No entanto, alguns integrantes do consórcio sugeriram mudar seu significado para 'Digital Versatile Disc'.
Para não criar confusão, boa parte das companhias, restringe-se a utilizar a sigla DVD, sem contudo especificar seu significado.

O desempenho, com amostragem a 96 kHz e 24 bits, apresenta limitações já previstas na teoria, principalmente na resposta de freqüências. Não oferecendo, portanto, a qualidade excelsa que alguns lhe atribuem.
Por outro lado, na modalidade estendida, com amostragem a 192 kHz e quantização de 24 bits, o DVD-A pode ser considerado um meio de gravação respeitável - mesmo não atingindo as especificações da new-high-fidelity*.

Evidentemente, os comentários acima, se referem a gravações sem compressão com perdas, conforme previsto originalmente para o DVD-A. Pois, gravações feitas com compressão digital, com perdas, resultam em qualidade inaceitável.
Curiosamente, certas técnicas de compressão supostamente sem perdas, em algum momento, apresentarão alguma perda, devido à filosofia adotada para seu algoritmo ou 'bugs'.
Há, entretanto, pressões, por parte da indústria que podem levar a mudanças nos padrões das gravações. A intenção de muitos empresários é compelir o uso generalizado de compressão digital com perdas, objetivando maior tempo de gravação, em detrimento da qualidade do som. Um grave problema que, em minha opinião, abalou a credibilidade do DVD-A e compromete seu futuro, como mídia de alta-fidelidade.

Ainda há um outro aspecto: Lamentavelmente, certos "estúdios", gravam as informações musicais com amostragem a 96 kHz convertendo posteriormente para 192 kHz. O resultado é um DVD-A, cujo rótulo pode trazer a inscrição "192 kHz", mas que apresenta as limitações de uma amostragem feita a apenas 96 kHz.
É oportuno esclarecer que essa prática não soluciona nenhum dos problemas de resolução e resposta de freqüências. Pois, a conversão para freqüências maiores ou maior número de bits, não recupera o que foi perdido durante a gravação original. Por ser literalmente impossível, mesmo com o mais sofisticado algoritmo, recuperar informações que não foram gravadas.

Em tempo: 'DVD-A' significa 'DVD-Audio'.

Não consideraremos os demais padrões adotados pelo consórcio DVD, principalmente, para gravações em múltiplos canais, com uso de codificação. Por não atenderem aos requisitos mínimos para um moderno sistema de áudio residencial, uma vez que, a qualidade resultante está bem abaixo dos nossos objetivos.


Breves comentários a respeito do SACD:

O 'Super Audio Compact Disc' (SACD), padrão desenvolvido especialmente para a reprodução de música, não prevê, até o momento (2002) nenhum tipo de compressão suspeitosa, conferindo-lhe maior credibilidade.
Seu sistema de conversão denominado comercialmente de 'Direct Stream Digital' (DSD), em tese, oferece algumas vantagens em relação ao PCM, utilizado no CD-DA, no DVD-A e no HDCD. Além de compatibilidade com uma técnica de amplificação digital, vantagem importante na estratégia comercial, frente às restrições do PCM. Possibilitando a comercialização de aparelhos com menor custo de fabricação e qualidade intermediária. Porém, como a amplificação digital, ou seja, a conversão D/A em alta potência está longe de ser uma boa solução do ponto de vista audiófilo e técnico, esta é uma vantagem tão somente comercial, interessando mais aos fabricantes do que aos consumidores.

Um lado bastante negativo está por conta da guerra comercial com o DVD-A e suas opções de multimídia. Obrigando Sony e Philips a considerarem opções semelhantes para não perderem mercado.
Contudo, limitações técnicas, atualmente, existentes (2002), no processamento do SACD, causam distorções sérias nas freqüências mais altas e ruídos. Todavia, tais inconvenientes estão sendo considerados aceitáveis por alguns.
Em minha opinião, a conversão a 2.8224 MHz não é ideal para as pretensões de um formato denominado 'Super Audio CD'. Resultados mais convincentes poderiam ser obtidos com freqüências mais altas, preferencialmente, superiores a 11.2896 MHz. Entretanto, freqüências altas agravam as dificuldades técnicas relacionadas à capacidade de armazenamento e transferência dos dados na mídia. E implicam em circuitos eletrônicos mais velozes e precisos. Pois, limitações de velocidade entre outras tantas, são problemas sérios nos conversores delta-sigma (ou sigma-delta).
Resultados importantes podem ser obtidos com freqüências muito mais altas, exigindo, contudo, técnicas mais aprimoradas de conversão e armazenamento. Pois, como sabemos o aumento na freqüência não pode ser feito arbitrariamente.
Os conversores de 1 bit, delta-sigma, proporcionam bons resultados a um custo baixo. Mas, se considerarmos o fato de um conversor de 1 bit com melhor performance e de alta velocidade, exigir semicondutores mais velozes que aqueles utilizados em aplicações de microondas, não será difícil compreender as dificuldades envolvidas e seu reflexo no custo do projeto.
Além do custo, a resolução física das mídias disponíveis atualmente, bem como limitações nos campos da eletrônica e mecânica, dificultam trabalhar comercialmente, até o momento, com freqüências ideais.
A freqüência de 2.8224 MHz facilita o projeto do circuito eletrônico, visando sua integração com o padrão do CD-DA (2.8224 MHz / 64 = 44.1 kHz). Porém, outras freqüências poderão ser utilizadas sem grandes complicações (5.6448 MHz, 11.2896 MHz, 22.5792 MHz, etc...).
Aparentemente, Sony e Philips, restringiram a qualidade do SACD por motivos técnicos e comerciais, para alcançarem o tempo de gravação pretendido a um custo que não inviabilizasse o projeto.
Avanços tecnológicos empregando feixes de raio laser com menor comprimento de onda (azul, violeta, ultravioleta, etc.) prometem aumentar a capacidade de armazenamento das mídias. Possibilitando aumentar a freqüência de amostragem, ou o tempo de gravação.
O SACD é um passo importante em direção à qualidade do áudio analógico. Mas, para um resultado impecável, digno de se chamar 'Super Audio CD', Sony e Philips precisarão aperfeiçoar o formato até atingir o nível de qualidade esperado. Particularmente, acredito ser mais fácil criar um novo formato, a ficar preso aos padrões do livro vermelho do CDDA por questão de compatibilidade.
Um problema que não devemos ignorar é o fato de diversos "estúdios" gravarem e editarem o programa musical em PCM, com amostragem de apenas 96 kHz (192 kHz em alguns casos). Convertendo o programa, posteriormente, para DSD, ao invés de gravar diretamente em DSD. Esta é uma estratégia, para escapar da aquisição dos novos equipamentos, necessários para gravar o padrão do SACD. Quando isso acontece o consumidor adquire um disco, gravado num sistema e convertido para outro. Um flagrante desrespeito, que as gravadoras tentam manter em sigilo.


Observações:

O SACD apresenta limitações técnicas complexas que precisam ser resolvidas. O que não deverá ser obstáculo intransponível para os engenheiros da Sony.
O DVD-A apresenta bom desempenho - considerando amostragem a 192 kHz - e existe margem para aperfeiçoamentos, porém há risco do consórcio que administra o formato, efetuar mudanças desagradáveis. Se bem que o formato SACD não está livre do mesmo problema.
Um ponto a favor do SACD é sua compatibilidade com os leitores de CD-DA. Pois, se o SACD for híbrido, poderá ser reproduzido em leitores comuns de CD. Mas, neste caso, a qualidade estará limitada ao padrão CDDA. Os leitores de SACD e DVD-A também reproduzem os tradicionais CDs.
É também imprescindível lembrar que não apenas as características de um determinado formato de gravação são importantes. Certamente, não é suficiente encontrarmos um formato "ideal" de gravação, mas, igualmente, importantes são os circuitos complementares a este. Assim, ter um formato ideal de gravação e não dedicar a atenção exigida aos circuitos eletrônicos, ou vice-versa são receitas para resultados ordinários, frequentemente obtidos.
Recomendável é dedicar especial atenção ao projeto por inteiro, reunindo excelentes circuitos e a melhor técnica de gravação exeqüível. Receita óbvia, para atingir o nível de qualidade que desejamos. Mas, por motivo comercial, raramente seguida.
O desenvolvimento das memórias de estado sólido de alta capacidade podem ser uma interessante alternativa aos meios ópticos mecânicos, empregados nos formatos que estamos comentando.
Memórias de estado sólido podem ao menos, teoricamente, eliminar grande parte das distorções, causada por erros na leitura dos discos ópticos mecânicos. Desde que suas células não apresentem falhas. O que exigirá técnicas especiais no processo de fabricação e um rigoroso controle de qualidade.
Mas, as memórias, de estado sólido, atuais também apresentam problemas de confiabilidade e, podem perder todos os dados nelas gravados. Pois semicondutores podem sofrer danos, sendo estes irreparáveis (queima). Contudo, o mais importante não é onde os dados estão gravados, mas, os métodos utilizados para converter sinais lineares em bits e sua, posterior, reconversão em sinais lineares. Isto ocorre porque estamos tratando de gravações digitais, as quais apresentam características e necessidades muito diferentes das gravações lineares (analógicas).
Tanto o SACD, quanto o DVD-A, oferecem bom potencial, mas, se não forem aperfeiçoados, o futuro de ambos (ou da alta-fidelidade) estará em risco. Possivelmente, ambos cederão espaço para outro formato mais adequado à alta-fidelidade.
Mas, poderá acontecer de: um ou ambos, terem a qualidade sônica reduzida, por interesses comerciais e, ainda assim continuarem firmes no mercado. As grandes companhias têm o poder de convencer o consumidor a adquirir qualquer produto, independentemente da qualidade. Poder decisivo para o futuro dos formatos.
         
Na prática, o SACD, reproduz sons de baixa freqüência (graves) mais relaxados, suaves, e com maior dinâmica. Característica que seduziu e seduz muitos audiófilos. Observa-se, porém que, o SACD, não corresponde às expectativas, para a reprodução dos sons de alta freqüência (agudos), especialmente, àqueles com variações dinâmicas repentinas (transientes). Um grave defeito que lhe rendeu pesadas críticas, mundo afora.
Para quem, ainda, não teve a oportunidade de ouvir um SACD, os sintomas apresentados, nas altas freqüências, lembra-nos, guardadas as devidas proporções, aos observados nos conhecidos conversores bitstream ou similares, que equiparam muitos CD-Players e DACs externos.

O DVD-A, comparado ao SACD, apresenta um som mais frio, árido, impactante. Extra-oficialmente, esta característica é uma das inúmeras causas da irritação que determinadas pessoas sentem, após audições prolongadas. Fato registrado desde as primeiras gravações digitais. E, lamentavelmente, imediatamente rejeitado pela indústria fonográfica e fabricantes de equipamentos digitais.
Por outro lado o DVD-A suscita-nos a sensação de maior definição nas freqüências altas.


Conclusões:

Acredito estarmos numa fase de transição, a qual poderá levar a um sistema realmente de alta-fidelidade. Ou, a um padrão puramente comercial o qual, não atenderá aos anseios da comunidade audiófila. A grande preocupação, no entanto, está por conta da proliferação acelerada dos métodos de compressão com perdas, as quais, podem tornar no futuro, inexeqüível a alta-fidelidade.
Se, a indústria eletrônica tivesse investido, com ética e seriedade, quantia equivalente à gasta em pesquisas na área digital, para aperfeiçoar ou mesmo desenvolver uma nova mídia analógica, não tenho dúvidas, teríamos em mãos o nosso tão sonhado meio de gravação de alta-fidelidade.
E, não esqueçamos que nem sempre o melhor ou mais atraente formato prevalece, haja vista o exemplo que vivenciamos com os sistemas de vídeo Betamax, V2000 e VHS, entre tantos outros.
Para os amantes da música que passaram pela experiência frustrante do CD-DA, o SACD e DVD-A representam um agradável avanço, trazendo de volta a esperança de um dia surgir um padrão digital verdadeiramente de alta-fidelidade. Mas, somente o tempo nos dirá qual o formato de mídia que o futuro nos reserva.

* A new-high-fidelity retrata o ponto de vista do autor, a respeito das características que um equipamento deve ter, para ser considerado de altíssima qualidade.
 
     
     
 
     
     
     
 
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